Nelson Rodrigues foi um dos artistas que conheci chorando. Não foi uma busca, um amor gradual, que me encheria o peito gota por gota; o arti...
Nelson Rodrigues foi um dos artistas que conheci chorando. Não foi uma busca, um amor gradual, que me encheria o peito gota por gota; o artista conquistou-me num estalar de dedos, e toda a labuta posterior em escavá-lo, só confirmou-o para que eu pingasse-lhe gênio.
Digo artista, pois não fora somente um simples cronista ou contista de Jornal, ele trouxe a revolução para o teatro brasileiro. "Vestido de Noiva", seu magnum opus, assim como quaisquer outras peças escritas, tiveram na pele, as cicatrizes da censura (não, não foi só no Regime Militar). O que me atraiu como amante de seus escritos, foram seus livros de memórias e confissões.
O Luiz Felipe Pondé, discorrendo sobre as obras rodriguianas, comparou-o, a respeito de seus livros de confissões, com Agostinho de Hipona, uma comparação deveras inteligente. Os pontos cruciais, ou melhor, as vigas de seu castelo, são suas visões pessoais ébrias, e sua solidão profissional.
O modo que ele se destrincha, da infância à velhice é encantador. Acreditava no amor eterno e na virtude da velhice, e não era do tipo racional em explicar seus pontos de vista. Suas descrições de experiências, aparentemente banais, viram obras poéticas na sua máquina de datilografar; como o concurso de redações na sua classe, ou a tragédia ocorrida com seu irmão preferido, Roberto Rodrigues.
Disse, que conheci Nelson Rodrigues chorando. Explicar-lhes-ei. A primeira vez que ouvi falar dele, foi em outubro deste ano, na minissérie produzida pelo programa Fantástico, "Nelson Por Ele Mesmo". Contudo, não foi só seus escritos que me lacrimejaram as vistas, e sim o conjunto inteiro: as luzes, o cenário, o figurino e atuação de Otávio Müller, interpretando o Nelson, juntamente com a carismática Fernanda Montenegro.
Pois bem, pois bem. A solidão de Nelson Rodrigues no âmbito profissional, expõe questões importantes de valores sociais. Nos seus contos e dramas, abordava assuntos que a sociedade botava por debaixo do tapete, e ele tratava de jogar a sujeira no ventilador: tais como incestos, adultérios e mortes. Os conservadores da arte e da política, trovejavam em seus ouvidos, e dos lábios, pendiam-lhes a baba elástica e bovina da ignorância. Todavia, até mesmo nas suas obras, uma nesga de carne, como um umbigo, merecia um fardalheira carnavalesca.
Concluindo, ele deveria ser lido nas escolas de ensino médio, ali tem um Brasil inteiro para se desbravar ainda.
Digo artista, pois não fora somente um simples cronista ou contista de Jornal, ele trouxe a revolução para o teatro brasileiro. "Vestido de Noiva", seu magnum opus, assim como quaisquer outras peças escritas, tiveram na pele, as cicatrizes da censura (não, não foi só no Regime Militar). O que me atraiu como amante de seus escritos, foram seus livros de memórias e confissões.
O Luiz Felipe Pondé, discorrendo sobre as obras rodriguianas, comparou-o, a respeito de seus livros de confissões, com Agostinho de Hipona, uma comparação deveras inteligente. Os pontos cruciais, ou melhor, as vigas de seu castelo, são suas visões pessoais ébrias, e sua solidão profissional.
O modo que ele se destrincha, da infância à velhice é encantador. Acreditava no amor eterno e na virtude da velhice, e não era do tipo racional em explicar seus pontos de vista. Suas descrições de experiências, aparentemente banais, viram obras poéticas na sua máquina de datilografar; como o concurso de redações na sua classe, ou a tragédia ocorrida com seu irmão preferido, Roberto Rodrigues.
Disse, que conheci Nelson Rodrigues chorando. Explicar-lhes-ei. A primeira vez que ouvi falar dele, foi em outubro deste ano, na minissérie produzida pelo programa Fantástico, "Nelson Por Ele Mesmo". Contudo, não foi só seus escritos que me lacrimejaram as vistas, e sim o conjunto inteiro: as luzes, o cenário, o figurino e atuação de Otávio Müller, interpretando o Nelson, juntamente com a carismática Fernanda Montenegro.
Pois bem, pois bem. A solidão de Nelson Rodrigues no âmbito profissional, expõe questões importantes de valores sociais. Nos seus contos e dramas, abordava assuntos que a sociedade botava por debaixo do tapete, e ele tratava de jogar a sujeira no ventilador: tais como incestos, adultérios e mortes. Os conservadores da arte e da política, trovejavam em seus ouvidos, e dos lábios, pendiam-lhes a baba elástica e bovina da ignorância. Todavia, até mesmo nas suas obras, uma nesga de carne, como um umbigo, merecia um fardalheira carnavalesca.
Concluindo, ele deveria ser lido nas escolas de ensino médio, ali tem um Brasil inteiro para se desbravar ainda.